LEITORES EXPRESSAM SEU OLHAR SOBRE O LIVRO PALAVRA
O livro traz um poemário em louvor à palavra e se porta qual um oráculo para poetas e escritores
Vieira Vivo - poeta, escritor e editor
O livro com
epígrafe de Gilberto Freire e Marlene Laky traz dezenove poemas em diálogo com
uma das vertentes mais aprofundadas da poesia brasileira nos últimos tempos: a
metalinguagem.
Com poemas sem
título, sem numeração, eis a opção da poeta que se embrenhou pelo universo dos
fonemas, na formação do elemento linguístico, ao provocar uma hecatombe, como
se nota em: Penetrou em mim a primeira
palavra, descortinou minha gramática e gozou sobre minhas orações submetidas a
pretéritos perfeitos.
A palavra, para Cláudia Brino, deve ser célula mater, elemento essencial. Razão pela qual profetiza: Palavra, não aceite vir pelas entrelinhas, como rodapé de fim de página.
E, por tratar-se
de uma obra com teor metalinguístico é natural que os vocábulos deste campo
semântico apareçam nos poemas, tudo para compor uma estética que se coadune com
o título da obra,
Por mais que se deseje cercar as palavras, é impossível!: mesmo assim as palavras irão além da fronteira do universo. Tudo porque a palavra é liberdade, e à poeta não deve haver censura, de que forma for: Quero que você seja a minha puta a comer-me por inteira na volúpia da escrita porque toda palavra é planta carnívora.
E nesta relação de repasto entre a autora, os leitores e a palavra, é essencial que o vocábulo verta a claridade, sendo luz: A palavra não recolhe o lamento das lágrimas nos copos vazios, desconhece o luto e a fome que todo coração traz no centro cavernoso de suas artérias. Daí, uma salva de palmas ao verbo bendito de Cláudia Brino.
Luiz Otávio Oliani - poeta, escritor, professor
Pensei que iria ler suas Palavras, mas foram elas que me leram