sexta-feira, 19 de setembro de 2025

FRAGS DE CLÁUDIA BRINO SOB O OLHAR DOS LEITORES

  





LEITORES EXPRESSAM SEU OLHAR SOBRE O LIVRO FRAGS 2. 






O livro Frags  de Cláudia Brino é poesia mesmo, mas nada fragmentária no sentido de incompleta, pois cada verso depositado nessas páginas carrega uma eloquência que engloba a desconfiança que provoca no leitor e que o incita a recuar no tempo e no espaço da palavra ante a semântica emprestada pela autora, por ainda poetar dessa forma até a última folha — poesia também para pensar. Nesta obra Cláudia semeia ideias e sentimentos; o leitor voraz de boa poesia vigia o fruto, capta seus odores, colhe-os — cada um saboreia como pode. De minha parte, senti medo de que o livro miasse sobre a estante do meu quarto a impedir-me o sono, dada a fraqueza que me invade, já que “O gato se vê no sono.” — no meu sono. O gato é personagem, cresce em conteúdo humano, e também é poeta, sugere imagens densas, plenas, com sua postura hábil, sagaz, onipresente, onisciente; porém, “... sente falta da palavra.” e “... escreve verso nos olhos”; na verdade, “O gato é o próprio caminho...” para a poesia. Agora, pretendo reler estes versos, pois já ouço “... o gemido da palavra.” e busco uma “... refeição literária.” E “... pseudônimo da palavra.” é sua poesia inteira, poeta Cláudia Brino, a exemplo de Amor Mofado com a “... boca de desejo de mil palavras.”, sem excluir nada de Safra Velha já que “... não questiono o destino,/mas ele chega aflito de palavras.”, sempre palavras, para sempre. Palavras.

Hilda Curcio - escritora e poeta



Frags é o pseudônimo da palavra, assim como o silêncio é o contraponto da palavra. Precisamos da palavra, de fato, inundando o mundo. Com certeza, isso é coisa do livro de Cláudia Brino. Nele, o homem (ele), a mulher (ela) e o gato (alter ego de ambos) se (des)enrolam num emaranhado de acontecimentos e emoções.

 O ser humano é um só. Não importa a época nem o lugar. O que conta é a essência do ser sobre a natureza. Participante o quanto mais possa, ele elabora o desenvolvimento e se elabora intrinsecamente. Assim faz Cláudia Brino. Em versos e reflexões cria poemas, recria velhos conceitos consuetudinários e recicla-se.  O aspecto  poético  vai do texto – reflete – e retorna mais e moção. A poesia é mágica. Ser poeta é um estado de inspiração constante.

 Rafael Marques Ferreira -  poeta

Ouso afirmar que sua capacidade de pintar com palavras está ainda mais vívida em Frags: com economia avara de signos você consegue revolucionar a imaginação do leitor, de tal forma que a imagem plantada na página prescinde do conteúdo da escrita. São verdadeiros quadros abstratos de grande força e beleza, palpáveis com impressionante força interior. Sua fluência poética faz com que para o seu labor literário nada seja obrigatório – nem a forma, nem a linguagem. Retirando do cotidiano as situações mais banais para dar-lhes uma dimensão inusitada e surpreendente em versos de uma emoção contida, silenciosa e explosiva cuidando, ainda, de explorar todas as nuances do som das palavras para o efeito final. É um impacto!

  Ernani Fraga - poeta e dramaturgo

 


De Rilke, sabe-se, quem se aproximava dele sentia a presença da poesia. Não tenho a intenção de complicar as coisas com análises e aproximações complexas, mas a verdade é que quem se aproxima de Cláudia Brino logo fica envolvido pela mágica presença da poesia. É uma coisa física, os sinais da inquietação permanente, os sentidos sempre ativados para captar a subterrânea  mensagem a vazar dos meandros do cotidiano. As frestas de luz filtradas pelas folhas da persiana, o voo em sussurro da borboleta matinal, tudo emite um recado de poesia para a moça-poeta.

Saber ver, ver e saber. A gente olha e não vê, a gente vê e não sabe – Cláudia olha, vê e sabe. Nas folhas maceradas de um livro antigo habitam pequeninos seres feitos de rimas e aliterações, você sabia? Você sabia que a pontuação pode atrapalhar o discurso poético? Que o gato é o maior amigo do homem?

Esta moça Cláudia Brino, que tem trato com anjos e duendes e toda a coorte dos invisíveis, sabe de tudo isso. Um dia, ela chegou em casa e tudo naquele instante se transfigurou. Contando esses acontecimentos a meu modo, quero dizer apenas que Cláudia Brino possui os segredos da mais refinada magia. Principalmente, aqueles que dizem respeito ao mistério sempre renovado da vida. Jovem, lúcida, bonita, os olhos de Cláudia seguram sempre um emergente sorriso. Com nove anos, em um trabalho de escola, citou Freud e a professora insinuou que deveriam levá-la ao psiquiatra.

Para a gênese de sua poesia instigante e perturbadora, talvez a explicação esteja quando ela diz: “A palavra é um corpo. Consegui encontrar o esqueleto da palavra. É sólido, firme, perfeito. A palavra sai da boca com sabor e me alimenta.” Este “Frags” é um livro de pequenos contos de alta voltagem, mas também pode ser encarado como um só conto, dividido na forma clássica de estrofes. Evidentemente, de arquitetura própria e absolutamente contemporânea. E esse gato metafísico onipresente na criação de Cláudia Brino... Vale a pena conviver com ele. Vocês verão.

Narciso de Andrade -  poeta e comentarista literário 

 

Hoje, na literatura contemporânea, Cláudia Brino representa, para mim, a transformação do tédio, a transição do ego, a transparência da alma. Cláudia tem agilidade poética, cinismo crônico e surpresa “côntica”.

 Mário Sérgio de Andrade - poeta


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