O livro Frags de Cláudia Brino é poesia mesmo, mas nada fragmentária no sentido de incompleta, pois cada verso depositado nessas páginas carrega uma eloquência que engloba a desconfiança que provoca no leitor e que o incita a recuar no tempo e no espaço da palavra ante a semântica emprestada pela autora, por ainda poetar dessa forma até a última folha — poesia também para pensar. Nesta obra Cláudia semeia ideias e sentimentos; o leitor voraz de boa poesia vigia o fruto, capta seus odores, colhe-os — cada um saboreia como pode. De minha parte, senti medo de que o livro miasse sobre a estante do meu quarto a impedir-me o sono, dada a fraqueza que me invade, já que “O gato se vê no sono.” — no meu sono. O gato é personagem, cresce em conteúdo humano, e também é poeta, sugere imagens densas, plenas, com sua postura hábil, sagaz, onipresente, onisciente; porém, “... sente falta da palavra.” e “... escreve verso nos olhos”; na verdade, “O gato é o próprio caminho...” para a poesia. Agora, pretendo reler estes versos, pois já ouço “... o gemido da palavra.” e busco uma “... refeição literária.” E “... pseudônimo da palavra.” é sua poesia inteira, poeta Cláudia Brino, a exemplo de Amor Mofado com a “... boca de desejo de mil palavras.”, sem excluir nada de Safra Velha já que “... não questiono o destino,/mas ele chega aflito de palavras.”, sempre palavras, para sempre. Palavras.
Hilda Curcio - escritora e poeta
Frags é o pseudônimo da palavra, assim como o silêncio é o contraponto da palavra. Precisamos da palavra, de fato, inundando o mundo. Com certeza, isso é coisa do livro de Cláudia Brino. Nele, o homem (ele), a mulher (ela) e o gato (alter ego de ambos) se (des)enrolam num emaranhado de acontecimentos e emoções.
Rafael Marques Ferreira - poeta
Ouso afirmar que sua capacidade de pintar com palavras está ainda mais vívida em Frags: com economia avara de signos você consegue revolucionar a imaginação do leitor, de tal forma que a imagem plantada na página prescinde do conteúdo da escrita. São verdadeiros quadros abstratos de grande força e beleza, palpáveis com impressionante força interior. Sua fluência poética faz com que para o seu labor literário nada seja obrigatório – nem a forma, nem a linguagem. Retirando do cotidiano as situações mais banais para dar-lhes uma dimensão inusitada e surpreendente em versos de uma emoção contida, silenciosa e explosiva cuidando, ainda, de explorar todas as nuances do som das palavras para o efeito final. É um impacto!